Donatella e o fim da noite.

Donatella não acreditava no que via: calça skinny estava na moda? E bota de couro, com salto fino, também? Blusa cinza, que é o novo preto, com roxo, que é o novo cinza? A loira gostosa era tããão tendência! Não, era demais para o coração de Donatella. Com uma virada de cabelo dramática, ela decidiu ir embora dali.
Quando pegou seu casaco na chapelaria, Donatella percebeu a mancha de Q-boa no ombro. Era isso! Só podia ter sido esse o motivo de tanto azar na noite. Ela nunca acharia o 'the one' com o casaco manchado! Donatella sentou no cordão da calçada do bar pensando se voltava para casa ou se enfiava no primeiro boeiro. A caçada havia deixado Donatella quase sem forças. Quando fechava os olhos, ela quase pegava no sono. Estava sonhando: sentia o rosto molhado, e milhares de gotinhas caindo até o decote. Abriu os olhos. Não era um sonho. Era um táxi. Um táxi que havia passado e jogado toda a água de uma poça. A pantera estava acabada. Com a maquiagem borrada, sem o príncipe. Viu o táxi parar e esticou a cabeça. Nada mais estragaria a noite. O fracasso foi completo, ponto. A porta abriu. Tudo bem? - uma voz de homem falou. A maquiagem borrada de Donatella a impedia de ver que tipo de homem era. Posso fazer alguma coisa?, ele perguntou. Pode, ela pensou. Pode fazer o que quiser, pensou de novo. Sorriu pra ele e agradeceu. E, de novo úmida e crespa, caminhou até a esquina e pegou um táxi.