Donatella na boate.

Donatella entrou na boate úmida e crespa. Com apenas um olhar, percorreu o salão de lado a lado. Todas as pessoas estavam extremamente azuladas – malditas lentes de contato baratas!, ela pensou. Mesmo assim, conseguiu localizar o alvo com incrível precisão. Ela lembrou o que sua mãe sempre recomendava: “dois comprimidos de Valium banhados em gim tônica, e arrasa boneca!”
Quando sugou a última gota do drink, ela ouviu os primeiros acordes de Time of My Life. OH, MY GOD. Era agora ou nunca. Enquanto cantava baixinho “now I´ve had the time of my life, no I never felt like this before”, viu que a alvo a olhava com desejo. Suspirou fundo, ajeitou os peitos no sutiã e esperou a música agitar para dar o primeiro passo. Quando se deu conta, já estava dentro da boca do rapaz. O rapaz: um metro e oitenta de pura sensualidade latina. Pele bronzeada, olhos verdes e uma barba que provocava delírios. Forte? Esse era o apelido dele no jardim de infância. Donatella quase não acreditava. O Sr. sensualidade latina, depois de alguns minutos, aproximou a boca do ouvido de Donatella, e sussurrou – eu preciso mijarrrrr. Ela não entendeu. O sotaque carioca do rapaz impedia qualquer tentativa de comunicação verbal.
- O quê??? Beijar???
- Não, caracasshhh, MI-JARRRR!
- Ah! Quer que eu vá junto? Não? Ok! Até daqui a pooooou...
Ele já estava longe. Donatella dançou sozinha uma ou duas musicas, e foi procurar o seu macho. Afinal, não ia perder o seu príncipe por uma mijada.Parou na porta do banheiro masculino para ver se escutava algo como um gemido de dor. Afinal de contas, ele podia estar passando mal. Enquanto desviava dos rapazes que saíam, escutou os gemidos. Ufa! Então era isso: ele passou mal. Quando vê seu príncipe saindo do banheiro, o sorriso volta a enfeitar o rosto de Donatella. Mesmo tendo passado mal, ele continuava lindo, com dentes brancos que reluziam, o bronzeado, as gargalhadas e... de mãos dadas com uma loira gostosa?





Não, isso não estava previsto.
(continua...)